"Todo homem é maior que seu erro"



Um ambiente tranquilo e sereno, o azul se mistura com o branco, como num dia ensolarado, de um céu com nuvens esparsas. Na entrada pães e biscoitinhos, feitos por mãos que tentam construir um recomeço.

Na parede, um papel com 10 preceitos, o primeiro deles, define o amor como caminho. A campainha toca, pessoas saem e entram. Um cadeado separa o lado de dentro do de fora.

Subo a escada, no segundo andar começa a conversa. Vejo Viçosa, com suas casas e prédios contornando morros. Em cada palavra o sentimento de amor ao próximo se mistura ao sorriso amável, como de um pai que fala de filho, ou melhor, de 41 filhos. “Aqui o bandido é morto quando entra. Da porta para dentro entra só o homem”. Essas são as palavras de Frank Paiva, diretor da APAC, Associação de proteção ao Condenado.

O preso é transformado em recuperando. O criminoso é dissociado do homem.

A APAC existe em Viçosa desde 2004 com 3 tipos de regime penal, fechado, semi aberto e aberto. Os internos são responsáveis pela limpeza e pelas refeições, ao mesmo tempo participam de atividades lúdicas e trabalhos manuais.

Frank Paiva diz que a estrutura da APAC faz grande diferença na recuperação dos internos, pois conta com uma padaria, uma marcenaria e uma sala de aula. A possibilidade de profissionalização e de garantia de um trabalho para quando voltarem à sociedade é um fator decisivo para que os recuperandos não retornem a vida de marginalidade e drogas.

Os métodos de ressocialização da APAC são baseados na valorização humana e a convicção de que ninguém é irrecuperável. “O objetivo não é defender o preso, ou atenuar sua punição, nós queremos que ele pague pelo seu crime e que volte para a sociedade com a sensação de fazer parte dela, de ter que fazer algo para que ela se torne melhor. Eles entram aqui com uma postura e saem com outra. A mudança parte de dentro para fora”.

Experimento os pães e biscoitinhos na saída. Vou embora com a sensação de que realmente aquelas mãos estão construindo um recomeço.
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