Os rótulos como marcas


“Me digas o que tu usas que te direi quem és”. Um velho ditado popular em nova versão caracteriza muito bem a forma como nos portamos e somos na sociedade moderna. Não são mais os amigos (com quem tu andas), o que lê, onde trabalha, ou o que faz nas horas de lazer que simplesmente transmitirá a personalidade de uma pessoa.

Hoje todas essas coisas estão condicionadas a algo muito maior: o mercado, a livre concorrência e seus frutos, sendo um dos mais importantes, em minha opinião, a formação de uma marca. Como discutimos no rádio e como o publicitário Bruno Torres afirmou, as marcas são construídas e pensadas nas campanhas publicitárias com o intuito de atingir um público alvo. Dessa forma uma marca possui o poder de distinguir grupos de pessoas conforme o que elas consomem.

Tudo que consumimos: roupas, acessórios, hotéis, comidas, aparelhos eletrônicos, transportes privados, e uma infinita gama de produtos está relacionada a outra infinita existência de marcas. Que nos diz quem somos: inteligente, legal, descolado, sexy, moderno, careta...


Em média para cada marca, aproximadamente um terço de todos os consumidores extremamente fiéis, em 2007, mudou para outra marca na mesma categoria em 2008, de acordo com um recente relatório do Conselho CHD.

É claro que não podemos nos esquecer que desde sua maior participação no mercado após a Revolução Industrial, uma marca nos distingue principalmente em classes sociais. Se um empresário investe maciçamente em campanhas publicitárias, contrata atores para divulgar a sua marca e patrocina eventos, essa será mais visada e logo o preço desse investimento será repassado para o produto e consequentemente só quem poderá consumi-lo serão pessoas com um poder aquisitivo maior.

O engraçado nessa história é que algumas vezes a blusa que possui uma etiqueta famosa e vesti o ator da vez, possui a mesma qualidade de uma outra blusa que alguém um pouco mais pobre veste, mas que não possui a tal etiquetinha.

Mas antes de ir saindo por ai renegando toda cultura de massa. Pare e pense! As pessoas que preferem levar uma vida mais alternativa, também consomem produtos e marcas, talvez menos conhecidas e talvez fabricadas de forma artesanal, mas que também possui um valor intrínseco e que gera um grupo fechado com uma identidade conforme o que consomem. Portanto, mesmo que você não se importante com os rótulos, ainda assim será definida e rotulada como algo, por simplesmente viver em um mundo capitalista.

Foto: Flickr/Crative Commons: 33 Interactions
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